Resenha: Confissões de Inverno - Brendan Kiely

Título: Confissões de Inverno
Título Original: The Gospel of Winter
Autor: Brendan Kiely
Editora: Arqueiro
Ano: 2015
Páginas: 224

"À medida que sua familia se desintegra, Aidan Donovan, um adolescente de 16 anos, procura consolo em estimulantes químicos, no estoque de bebida do pai e nas atenções do Padre Greg, o único adulto que realmente o escuta.

O Natal chega e seu mundo entra em colapso quando ele reconhece o lado obscuro do afeto que o padre Greg lhe dedica. Enquanto tenta dar sentido à própria vida, Aidan conta com o apoio de um grupo de amigos desajustados: Josie, a garota por quem se apaixona; a rebelde e espontânea Sophie; e Mark, o carismático capitão da equipe de natação."

Bom dia gentee!

Hoje venho falar desse livro que realmente me cativou. Não sei como escrever essa resenha sem soltar alguns spoilers, na verdade, acho que escrever essa resenha vai ser muito dificil. Mas creio que não será nada muito grave, uma vez que a propria sinopse já revela o ponto central da história. 

Aidan é um jovem de 16 anos, que passa por problemas demais em sua família. Seu pai já era ausente, pois passava mais tempo viajando do que com a família, mas depois que conhece uma mulher em uma dessas viagens resolve se separar da mãe de Aidan e deixar definitivamente a casa.

No meio do divórcio de seus pais, com a mãe se preocupando com tudo menos o filho, e apenas Elena, a empregada presente e preocupada com o jovem, Aidan se entrega ao uso de remédios e bebidas, e ao consolo do padre Greg, da igreja que sua família frequenta e onde trabalha como voluntário. Além de encontrar amizade com Josie, Sophie e Mark. 

Mas tudo desmorona mesmo, quando percebe que os momentos que passou na companhia do padre Greg e o que ele o fez passar, não passsou de manipulação.

Aidan é o tipo de personagem que pode ser considerado encrenqueiro, perturbado, delinquente, inconsequente, mas ele não é só isso, é um garoto inteligente que tenta encontrar o seu lugar no mundo e que sofreu tantas coisas ainda tão jovem, que não é possível sair ileso.

Os personagens secundários foram muito bem construídos e me apaixonei pelo Mark e pela Josie, e até simpatizei um pouco com a mãe de Aidan, por perceber que apesar da fachada fria e desinteressada no início depois podemos conhecê-la melhor e perceber que ela também sofria e tinha suas preocupações. Elena me encantou muito no inicio, mas ao final peguei ódio dela e quem leu o livro saberá porque.

A questão colocada em cheque é a forma como Aidan lida com seus problemas, e como seguir em frente após o trauma que sofreu. Achei que o autor conseguiu narrar de forma bem clara e impactante e me prendeu do início ao fim do livro.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Aidan, então o leitor se sente na pele do jovem e foi impossível para mim não refletir alguns sentimentos expressados por ele, principalmente raiva e indignação.

O livro trata muito de sentimentos, a forma como é abordado o abuso sofrido por jovens e adolescentes e como as coisas são abafadas e manipuladas chegou a me dar nojo, mas realmente é um tema real e que acontece em muitos lugares do mundo. A história demonstra como o amor pode ser utilizado de forma cruel e manipuladora, mas também pode ser uma forma de se libertar e ter esperanças.

A lição que ficou para mim é que fingir que algo não aconteceu, não apaga o acontecimento de nossa memória e isso fica corroendo a alma da gente. Sabe aquela história de a verdade vos libertará? Então acho que ela é pura verdade.

Confesso que fiquei um pouco decepcionada com o final, não por ser ruim, pelo contrário foi um final maravilhoso, mas eu estava tão empolgada com a leitura e acabou tão de repente que eu queria mais hahaha.

Mas é uma leitura profunda, um pouco perturbadora, mas envolvente e interessante. Eu recomendo para quem curte dramas familiares e psicológicos. E vocês já leram? Me contem o que acharam.

Beijos