Bom dia!
A resenha de hoje é desse
livro lançado pela DarkSide Books no final do ano passado, que me chamou a atenção
desde sua primeira divulgação e assim que tive oportunidade adquiri o meu, que
ficou ali na estante aguardando o momento de ser lido. Essa resenha vai acabar entrando nas resenhas do Mês do Terror e apesar de não ser bem terror a história, acaba por sendo algo tão horrendo que se encaixa na temática(e também porque eu não tive tempo de ler o outro livro da meta hehehe)
Ilana
Casoy famosa por suas duas obras anteriores lançadas pela DarkSide, Serial
Killers: Louco ou Cruel? e Made In Brazil, onde explora o assunto dos assassinos
seriais, dessa vez nos traz uma obra em volume único de dois casos que ela
acompanhou de perto e que chocaram o Brasil: o Caso Richthofen e o Caso
Nardoni.
Famosos
pela frieza com que foram executados, os casos chamaram atenção por serem
contra alguém da própria família, o primeiro uma filha que junto do namorado e
do cunhado trama o assassinato a sangue frio dos pais para poder ficar com a
herança, o segundo uma criança de 5 anos jogada do sexto andar de um prédio
pelo pai para supostamente encobrir a agressão sofrida pelas mãos da madrasta.
Dividido
em duas partes, a primeira explora o caso Richthofen, ocorrido ao fim do mês de
Outubro de 2002, quando a policia foi chamada para investigar o assassinato de
um casal de classe media alta após um suposto roubo em sua residência. Desde o
início o caso intrigou os responsáveis pelas investigações uma vez que todos os
indícios mostravam que foi alguém íntimo da casa e da família.
Os
trabalhos periciais foram feitos e a suspeita logo recaiu sobre a filha Suzane
de 18 anos e seu namorado Daniel Cravinhos, ainda mais reforçados pelo seu
comportamento frio logo em seguida a perda dos pais. Ilana traz informações
importantíssimas que ajudaram os investigadores a desvendarem o crime, Cristian
Cravinhos, irmão de Daniel, foi o primeiro a confessar e logo em seguida o
casal de namorados. Condenados, cada um pegou uma pena pesada de quase 40 anos
de reclusão.
Além
de detalhar vários momentos da investigação, perícia, autópsia, reprodução
simulada do crime, entre outros, ao final a autora ainda reproduz alguns trechos
dos debates orais do julgamento dos acusados que ocorreu em 2006. Além de haver
fotos de suas próprias anotações a época em um caderno.
Os
Arquivos Nardoni para mim foram mais interessantes ainda, diferentemente do
caso Richthofen não houve confissão alguma. Alexandre Nardoni e Anna Carolina
Jatobá foram condenados não apenas pela opinião pública, mas com base em
indícios fortes e testemunhos verossímeis que fizeram com que os próprios
acusados se contradissessem durante as investigações e o julgamento.
O
crime ocorreu em 29 março de 2008, por volta da 23:50h uma criança de 5 anos é
jogada da janela do apartamento de seu pai no sexto andar, logo em seguida o
pai e a madrasta chegam gritando que alguém entrou no prédio, que uma terceira
pessoa entrou no apartamento e jogou a criança pela janela.
Essa
segunda parte do livro foi completamente diferente e mais empolgante que a
anterior por trazer pelas palavras dessa brilhante autora, todo o julgamento de
Alexandre e Anna Carolina, ocorrido em 2010 e que durou longos e cansativos 5 dias de testemunhos
e debates.
Os
testemunhos técnicos foram incríveis, a versão dos réus não batia com os
indícios na cena do crime, uma terceira pessoa nunca foi confirmada no local, a
criança sofreu agressões antes de ser atirada e foram encontradas manchas de
sangue pela casa, ou seja, ela já foi carregada ferida para o quarto o que não
bate com a versão do pai.
A
atuação do promotor de justiça, Francisco Cembranelli foi sensacional, ele cobriu
todas as dúvidas e não deixou nada ao acaso, ele cronometrou cada passo do
casal naquela noite e demonstrou com clareza que era impossível que se houvesse
uma terceira pessoa no apartamento, ou Alexandre e Anna teriam encontrado com ele
logo após a queda da criança.
O livro é esplêndido, uma leitura super interessante e para quem se interessa por direito ou por investigações policiais é bem bacana de conferir. É uma obra bem didática e de fácil compreensão, mas é uma leitura difícil no sentido de que são casos pesados, cruéis e se tornam piores por serem cometidos contra alguém a quem se devia proteger, acredito que é impossível ler sem se abalar um pouco.